sábado, 11 de dezembro de 2010

"Tá bom, Epicuro, senta lá"

Familiariza-te com a ideia de que a morte não é nada para nós, pois todo bem e todo mal residem na sensação;
ora, a morte é a privação completa desta última.
Esse conhecimento certo de que a morte não é nada para nós tem por consequencia apreciarmos melhor as alegrias que nos oferece a vida efêmera, porque não acrescenta a esta uma duração ilimitada e nos tira, ao contrário, o desejo de imortalidade.
De fato, não há mais pavor na vida para quem realmente compreendeu que a morte nada tem de terrível.
Assim, é preciso considerar como um tolo aquele que diz que tememos a morte, não porque ela nos aflija quando chega, mas porque sofremos já ao pensar que ela chegará um dia.
Pois, se uma coisa não nos causa nenhuma perturbação por sua presença, a inquietude associada à sua espera não tem fundamento.
Assim, aquele dos males que mais faz tremer não é nada para nós, uma vez que, enquanto existirmos, a morte não existe, e quando a morte chegar, não existiremos mais.
A morte, portanto, não tem nenhuma relação com os vivos nem com os mortos, já que ela não é nada para os primeiros e já que os últimos não existem mais.

(EPICURO, Lettres, Carta a Meneceu, pp. 98-99, trad. Solovine, Herman)

sábado, 7 de novembro de 2009

Um trimestre e um dia depois, uma postagem de nada


Bom dia, espero que não tenham desanimado de acompanhar meus escritos, seus comentários são importantes para minha alta-estima...

Quando criei esse trem sabia que seria um dilema mantê-lo atualizado. Sempre tenho muitas ideias que julgo boas para expressar aqui. Desde a última atualização já participei de uma pá de eventos juvenis (assembleia da UJB, encontro de crisma de SBT, DNJ em Viçosa, composição do Conselho Municipal de Juventude de qB, entre outros), pretendo partilhá-los convosco ainda. Há outras aventuras mais remotas também, mas já que me falta disciplina para fazê-lo agora preciso contar com minha inspiração ou o vosso apoio moral.

*** Achei essa imagem através de um site de busca***

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O grupo é o lugar do encontro com Jesus e com os mundos

Este post trata de duas experiências que vivi semana passada. Voltava do meu trabalho temporário e ao passar pelo centro da cidade encontrei-me com uma mui estimada amiga que não via há um bom tempo. Paramos e conversávamos sobre a formatura dela, a cerimônia, o baile, os projetos e sobre o quanto isso tudo é legal.

De repente um morador de rua chega até nós, embriagado, sujo, descalço e antes que pedisse o que queria um outro rapaz lhe entregou um par de chinelos. Ele riu e disse algo do tipo: tá vendo nem preciso pedir, meu pai (Deus), providencia tudo pra mim. Bom de papo o cara, pegou meu óculos escuros e disse que tiraria onda com nossa cara arranhando um inglês, um espanhol e falando de desapego. Mesmo sendo morador de rua ele partilha qualquer coisa que tenha com quem tenha menos que ele, seja em posses ou perspectivas. Meu pai me disse que tem que ser assim, afirmava. Atravessamos a rua e ele fez questão que seus dois outros amigos que participam do projeto pão e beleza da paróquia de N Sra da Piedade, mãe dos crucificados de minha terra, confirmassem quem vira e mexe lhes pagava um almoço e eles confirmaram: é o cê mesmo.

Esse sujeito me disse muito mais do que eu consigo colocar aqui, o encontro com ele foi desconsertante, foi muito importante, ele fez questão de provocar minha sensibilidade para com as necessidades abundantes de quem vive na rua e sem modéstia se dizia como vindo de trás do trono do Pai. Só pensei que nossos grupos devem promover encontros como esse com os prediletos do Pai, nem tanto pelo bem deles, mas pelo nosso próprio, para nos humanizarmos e nos divinizarmos, para acolhermos a revelação, para nos convencermos de que precisamos de muito pouco... para percebermos bem o que de fato é necessário.

Outra experiência foi num restaurante famoso daqui, o melhor da cidade, segundo o próprio dono. Entramos lá, minha namorada e eu, antes de nós várias pessoas, famílias inteiras, comendo, bebendo, dançando, cantando, enfim curtindo uma noite muito agradável ao som ambiente de uma música ao vivo executada por um casal de cantores. As coisas lá são caras para os nossos padrões, mesmo assim resolvemos ocupar o balcão, pedi uma taça de vinho e intercalava leves goladas com beijos, sorrisos, piadas, comentários sobre as músicas, sobre os músicos, sobre os casais que dançavam, sobre a dança em si e pensava: que noite agradável, seria legal se viéssemos aqui com mais frequência.

Até que o proprietário, que já há um tempo estava por perto, se dirigiu a nós manifestando seu descontentamento com nosso namorico no balcão. Lançou-nos num abismo de constrangimento e silêncio, terminei meu vinho quase que no mesmo instante em que ele voltou para acrescentar algo. Tentei argumentar com ele... em vão, ele estava convencido do nosso abuso, ele estava certo de que aquilo não era um botequim e que nós não o avacalharíamos. Disse que poderíamos ficar por lá, mas estava claro que não como estávamos.

Não sei como estávamos aos seus olhos, sei que ficamos muito tristes, nesse momento meus dedos tocam trêmulos o teclado...

Num espaço curto de tempo encontrei dois mundos, o da miséria que mesmo assim divide, que diz: eu reconheço os meus irmãos, despojado de qualquer luxo, farto de lixo e carência e outro que cobra caro, em dinheiro, em apresentação, que não faz a menor questão de alguém diferente por lá, aqueles poucos e iguais lhe bastam. Estou entre esses dois mundos, me sinto desafiado a lidar com essas duas realidades e sinto a urgência de uma realidade alternativa, acredito que ela virá do encontro da juventude entre si e com Jesus sem deixar ninguém de fora, independente de crença, de posses, de protocolos... simples assim: ô pessoal vamo entrá aqui tem lugar pra todo mundo, não falta nada nem sobra nada pra nimguém...

segunda-feira, 20 de julho de 2009

O grupo é o lugar da felicidade do jovem e dos amigos dele também


Hoje, dia da amizade: sentimento, experiência, requisito, sei lá mais o quê, para se ter e manter um grupo de jovens... tomei a liberdade de publicar um e-mail enviado por uma grande amiga pjoteira de Ponte Nova que hoje vive em BH cursando serviço social, cortando um senhor dobrado, porém com muita esperança, graça e fé.

Esse texto é um testemunho fiel do que a vivência pastoral deve representar para o jovem: sentir-se amado, apoiado, querido, encorajado, entusiasmado. Trata-se de uma promoção do indivíduo. Por maiores que sejam os ideiais ostentados pelos grupos, sindicatos, ONGs, partidos e demais associações onde o jovem possa participar, na Pastoral da Juventude ele por si só, independente do seu currículo de lutas, já é digno, membro ativo, capaz, co-responsável, companheiro fiel e essa força vai acompanhá-lo e a todos os que com ele viveram essa experiência para sempre.

Se você ainda tinha dúvidas quanto ao valor de se participar de um grupo de base da PJ, taí uma oportunidade de se decidir:



Bom dia queridos amigos!

Hoje é um dia muito especial, porque é o dia do Amigo. E quero expressar nas próximas linhas o quanto cada um de vocês é especial na minha vida.


Primeiramente, eu agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de conhecer pessoas maravilhosas, que ao longo desse caminho foram se tornando essenciais na minha vida. Cada um com sua particularidade foi me completando, me ensinando, me confortando, me amando pelo aquilo que sou e me ajudando sobretudo a ser um ser humano melhor.

Não quero falar do tempo que cada um foi entrando na minha vida, mas sim da grandeza de transformação, sempre ali ao meu lado, me apoiando, incentivando, chamando a atenção, dando carinho e acima de tudo nunca desistindo de mim.

E não há riqueza no mundo que substitua isso. Amigos estes que acreditavam em mim, quando eu mesma já não conseguia fazer isso, em momento algum me sentia sozinha por mais distante que estivéssemos, a presença de vocês é constante porque carrego cada um no meu coração.

Amigos que não mediam esforços para me apoiar, me levar no colo quando era necessário e que me ensinaram a amar, me querem bem e torcem por mim, amigos que tornaram a minha vida mais simples, mais rica, mais bela.

E por isso estou aqui hoje para dizer nessas simples palavras o quanto sou grata a cada um de vocês e quanto eu amo a cada um e de dizer da importância fundamental que têm em minha vida. Com certeza se não fossem por vocês eu não seria essa pessoa que sou, pois aprendi muito e continuo aprendendo.

Muito obrigado por fazerem parte da minha vida, pelo carinho, pela amizade, pela cumplicidade, pelo companheirismo, pela ajuda, pelo conforto, pelo amor, pelas alegrias e dores divididas, pelas histórias, pelas lembranças dos momentos vividos juntos, pelos encontros.

Quando receberem esse e-mail vai junto um forte abraço, que sintam em seus corações a minha presença e como eu quero o bem de cada um e desejo que sejam imensamente felizes
Eu amo a cada um de vocês.


FELIZ DIA DO AMIGO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Um forte abraço e um grande beijo em seus corações de sua sempre amiga,
Fernanda.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O grupo é o lugar da felicidade do jovem que foi



Tarde de sábado. Ele subia em direção ao salão comunitário de sua paróquia. Conforme um velho e mau hábito maldizia por ter de se submeter a um curso preparatório para o sacramento da crisma, que certamente, nas suas ideias, seria ministrado por um padre ou uma freira chatos e moralistas. Como alguém em tão tenra idade consegue atribuir a alguém a qualidade de moralista? Talvez não o faça...Vai saber, né!?!?

Chegou... foi bem recebido por um cara que não me descreveu como era. Estava nervoso. Ao começar o curso, ficou surpreso com o clima informal; aberto como a coisa era conduzida. Sentiu-se tão bem quanto em casa. Divertiu-se e tagarelou durante todo o tempo que ali esteve, não perdeu uma oportunidade que fosse para soltar uma piadinha.

- Dizem que aquele cara é do grupo de jovens daqui!! - Soprou-lhe ao ouvido o espírito (ou O Espírito) que lhe imprimia no coração para sempre aquele momento tão gostoso.

- Sério? Que legal, muito massa a aula dele, mó gente boa!! Vou convidar um chegado meu pra vir aqui semana que vem. Assim o fez e nem imaginava o quanto aquilo seria bom.

Semanas depois também faziam parte do grupo de jovens seu amigo e ele. Os dois andavam de bicicleta pra todo lado e um belo dia ele descobriu que seu amigo tocava violão:

- Cê toca violão véi!?!?!

- Toco uai

- Massa, vô aprender também...

Aprendeu alguns acordes, levava a pasta de cifras do coral pra casa e tentava tocar as que mais gostava. Comprou revistinhas das bandas que mais curtia, logo se arriscou a tocar nas missas, com o passar do tempo era o tocador oficial e passou a ajudar no curso de crisma também. Acreditava que todos deveriam curtir aquele modelo de que ele tanto gostou. De certa forma deu certo, tanto que um carinha da turma que se preparava para crismar lhe sugeriu formar uma banda pra tocar na igreja.

- Mal sei tocar violão, mas vamo nessa. Formaram a banda, cristalizou-se mais uma sólida amizade, abriram-se mais perspectivas...

Anos mais tarde era coordenador da Pastoral da Juventude da paróquia. Tinha muita vontade de promover um entrosamento com outros grupos da cidade. Um dia apareceram uns caras com uma proposta de confraternização entre os grupos de jovens da cidade. Então aos poucos foi tomando contato com outros coordenadores e juntos promoveram uma série de encontros para aproximar os grupos criando assim uma "PJ orgânica" (fez questão de usar as palavras de um dos caras que deu a idéia de reunir o grupos da cidade).

O tempo foi passando, ele foi se consolidando como uma jovem liderança forânea, regional, arquidiocesana... e curte até hoje tanto quanto pode e põe o melhor de si nessas empreitadas juvenis (chato às vezes, é que o melhor de si não é o bastante e outras vezes nem é tão melhor assim, mas la nave va). Em síntese temos aí uma liderança e parte do caminho que percoreu, adiante vamos nos ater às encruzilhadas desse caminho ou àquelas que nos forem permitidas abordar, e claro, dos caras e das minas que marcaram essa jornada.

sexta-feira, 10 de julho de 2009



"Luz e sentido e palavra
Palavra é!
Que o coração não pensa

Ontem faltou água,
anteontem faltou luz
Teve torcida gritando quando a luz voltou
Não falo como você fala, mas vejo bem o que você me diz

Se o mundo é mesmo parecido com o que vejo, prefiro acreditar no mundo do meu jeito
E você estava esperando voar, mas como chegar até as nuvens com os pés no chão?

O que sinto muitas vezes faz sentido
E outras vez não descubro o motivo
Que me explique porque é
Que não consigo ver sentido
No que sinto, que procuro
O que desejo e o que faz parte do meu mundo

O arco-íris tem sete cores
E fui juiz supremo
Vai, vem embora, volta
Todos têm, todos têm suas próprias razões

Qual foi a semente que você plantou?
Tudo acontece ao mesmo tempo
Nem eu mesmo sei direito o que está acontecendo
E daí? De hoje em diante todo dia vai ser o dia mais importante


Se você quiser alguém pra ser só seu é só não se esquecer eu estarei aqui
Se você quiser alguém pra ser só seu é só não se esquecer eu estarei aqui

Não digo nada
Espero o vendaval passar
Por enquanto eu não sei
O que você me falou me fez rir e pensar
Por que estou tão preocupao por estar tão preocupado assim?

Mesmo se eu cantasse todas as canções, todas as canções, todas as canções, todas as canções do mundo
Sou bicho do mato, mas...

Se você quiser alguém pra ser só seu é só não se esquecer eu estarei aqui
Se você quiser alguém pra ser só seu é só não se esquecer eu estarei aqui
Se você quiser alguém pra ser só seu é só não se esquecer eu estarei aqui

Se você quiser alguém pra ser só seu é só não se esquecer eu estarei aqui

Ou então não terás jamais a chave do meu coração."

Eu era um lobsomem juvenil - Legião Urbana


Faz algum tempo que estou nessa caminhada Pastoral da Juventude e como muita coisa na minha vida essa caminhada tem sua trilha sonora. E essa canção da Legião, minha banda favorita, é uma delas... sinto nela uma variedade de expressões e emoções que se pode experimentar no cotidiano. Vejo aqui presente um dia na vida de alguém que tem lá seus problemas e sonhos; vitórias e frustrações. Talvez não tão somente "tenha", mas "seja" com essas coisas e assim sofra e se regozije. Pode soar estranho problemas e sonhos; vitórias e frustrações de alguém participarem do seu ser. Por outro lado pode ser uma oportunidade de assumir o protagonismo do bem e do mal sofrido e causado e sendo assim, quem sabe sofrer menos, causar menos sofrimento aos outros e consequentemente promover o bem em maior escala. Quero dizer que uma vez tendo em si mesmo a ciência e reponsabilidade da própria vida nenhum sujeito indefinido pode ser maldito ou bendito pelo que nos acomete.

Os diários eletrônicos da liderança estão bombando por aí, oportunidade de conhecer melhor a liderança que se é, a liderança que o outro é e encontrar meios de se colocar essa pluralidade a serviço do bem comum.

Meu diário vai mostrar um pouco da minha trajetória pastoral e outras experiências que cruzaram-se com ela em alguma esquina do meu ser.


É isso, por enquanto...


Abraços.