sábado, 11 de dezembro de 2010

"Tá bom, Epicuro, senta lá"

Familiariza-te com a ideia de que a morte não é nada para nós, pois todo bem e todo mal residem na sensação;
ora, a morte é a privação completa desta última.
Esse conhecimento certo de que a morte não é nada para nós tem por consequencia apreciarmos melhor as alegrias que nos oferece a vida efêmera, porque não acrescenta a esta uma duração ilimitada e nos tira, ao contrário, o desejo de imortalidade.
De fato, não há mais pavor na vida para quem realmente compreendeu que a morte nada tem de terrível.
Assim, é preciso considerar como um tolo aquele que diz que tememos a morte, não porque ela nos aflija quando chega, mas porque sofremos já ao pensar que ela chegará um dia.
Pois, se uma coisa não nos causa nenhuma perturbação por sua presença, a inquietude associada à sua espera não tem fundamento.
Assim, aquele dos males que mais faz tremer não é nada para nós, uma vez que, enquanto existirmos, a morte não existe, e quando a morte chegar, não existiremos mais.
A morte, portanto, não tem nenhuma relação com os vivos nem com os mortos, já que ela não é nada para os primeiros e já que os últimos não existem mais.

(EPICURO, Lettres, Carta a Meneceu, pp. 98-99, trad. Solovine, Herman)

Um comentário:

  1. Meus sentimentos, amigo..

    Desejo a vc um excesso de vida que lhe seja capaz de atenuar todas as mortes possíveis, convertendo-as naquilo que de fato são: uma saudade prolongada de quem fez valer a pena o "estar aqui..."

    Um grande beijo Roni!
    Força a vc e sua família!

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